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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Poder aos trabalhadores


Nenhuma época histórica proporcionou tantos motivos para os trabalhadores pensarem e repensarem a sua condição, a sua realidade e os seus problemas como a época atual.

O desenvolvimento técnico-científico que na maioria das vezes permite a integração internacional e o processo neoliberal tem como resultado a amplitude assombrosa dos riscos para a classe trabalhadora.  
Nunca em nenhum tempo o homem conhece tanto e nunca em nenhum tempo este conhecimento se voltou para o aniquilamento das concessões transformadas em conquistas pela elite dos trabalhadores.
Num olhar para a história vamos ver que o sistema agrário e seus “senhores” dominando o trabalho no campo e a produção agrícola/pastoril, explorando o trabalho escravo, vingou por milênios, até os meados do século XVIII.
Neste contexto nasce à figura do estado e a sua função de nortear e regular o “mudus vivendi” dos “senhores” proprietários de terras e a submissão a um soberano que a todos governava num espaço territorial específico denominado de pais cujo povo por seus hábitos, língua e costumes se identificavam em forma de nação, ou pelo mesmo sentimento de pátria, de sítio ou local onde se vive e se amolda o caráter.
O estado com o passar dos tempos e pelas necessidades de convivência e de dominação se aperfeiçoa e chega ao modelo atual de soberania e de poder, sempre em favor do capital e dos “senhores” no tempo.
Voltando a análise da progressão e evolução dos sistemas de produção, vamos identificar dentro do sistema agrário/agrícola o surgimento das cidades que crescem e na medida em que se desenvolvem trazem consigo os diferentes estratos sociais e seus conflitos.
Tudo o que a cidade necessitava era produzido pelos artesões dono da habilidade de fabricar coisas e instrumentos, inclusive os de guerra.
A exigência das cidades faz com que a produção artesanal se torne insuficiente e novos meios de produção são agregados ao modo de fazer, surge à figura do aprendiz e surgem novos equipamentos e máquinas para aumentar a produção.
As máquinas ainda que manuais produzem uma revolução no sistema produtivo, e mais máquinas se desenvolve, novos produtos químicos, do ferro, o uso da água e do vapor provocam uma escalada no processo de produção de mercadorias.
A revolução industrial traz no seu bojo outras três grandes revoluções: A revolução francesa que contesta e derruba a monarquia; A libertação dos escravos na Inglaterra e o ressurgimento do salário, desta feita em moeda corrente.
Com a revolução industrial surge um novo componente nas relações de poder do estado.
Se antes eram apenas os “Senhores” donos de terras a terem poder, agora surgia os industriais e os comerciantes, moradores do “burgo” zona nobre da cidade a exigirem sua participação no processo político para defenderem os seus interesses na governança do país e nas regras de gestão do estado. Grandes mudanças se dão, inclusive, a Revolução Francesa provocando alteração do “estatus quo” não só na França, mas em toda a Europa.
Também, é claro, surge à luta dos trabalhadores por melhor qualidade de vida e de trabalho, o artesão desapareceu e as diversas categorias profissionais enfrentavam o patronato para conquistarem direitos sociais.
O modelo industrial prevaleceu sobre o agrário e dominou o estado até o surgimento do sistema financeiro e de mercado que domina a economia e a política não só nacionalmente, mas mundialmente.
Na luta dos trabalhadores contra a exploração patronal é desenvolvida concepções de um novo modelo de estado, desta feita sob o controle dos trabalhadores que passariam de assalariados para donos do capital ou das riquezas historicamente produzidas.
Uma nova revolução ocorre na Europa em 1917, desta vez na Rússia tendo como sustentação a idéia de se implantar um estado sob o domínio dos trabalhadores.
Os trabalhadores são vencedores e inicia-se a implantação e consolidação do estado proletário, que de imediato e denominado de estado “soviético” que significa trabalhadores governando a si mesmo.
O Estado soviético provocou a exemplo da Revolução Francesa, grandes transformações sociais na Europa e nos EEUU, mudando as relações de poder e a garantindo aos trabalhadores melhores qualidade de vida e de trabalho.
A partir de 1930, após o grande caos financeiro e a quebra da bolsa de valores em Nova York as teorias do reajustamento do estado e a implantação de políticas sociais como fator de desenvolvimento foram implantadas, primeiro nos países nórdicos.
Com a segunda guerra mundial foi possível aos soldados pertencentes à força denominada de “aliados” constatar que os soldados russos tinham melhores condições para fazerem a guerra que seus parceiros europeus; A alimentação era melhor, as armas eram melhores, o fardamento e a proteção contra o frio muito melhores.
É claro que a troca de informação foi constante. Terminada a guerra a propaganda dos soldados entre seus pares e familiares toma corpo e os donos do capital investiram pesadamente no sistema de bem estar social, concedendo aos trabalhadores, benefícios reivindicados nas lutas sindicais, de mais de um século.
Com o fim do bloco soviético, o sistema financeiro mundial exige dos governos da Europa e do mundo à volta ao sistema escravocrata de poder.
É necessário suprimir direitos trabalhistas.
Para alcançar este objetivo tomam medidas restritivas de crédito e exigem a liquidação de passivos dos estados para o sistema financeiro.
Sem dinheiro e tendo que pagar a conta, a alternativa dos governantes é o aumento dos impostos e a venda de patrimônios públicos, a diminuição da máquina do estado com a redução de postos de trabalho, não pagamento de férias e de abonos diversos.
Estabelece-se o medo como moeda e a pressão como argumento.
Milhões de trabalhadores perderam o emprego pelos efeitos nocivos que as medidas ditas de “austeridade” impuseram as economias.
Se o salário foi uma redescoberta, a ausência dele provoca retração econômica em todos os níveis.
É necessário dizer que os trabalhadores não estão satisfeitos com esta forma de remuneração da atividade laboral. O salário já não satisfaz a maioria dos trabalhadores que exigem uma repartição maior das riquezas historicamente produzidas e buscam reduzir a distancia entre o maior e o menor salário.
Ocorre que o poder econômico domina o estado, ou para melhor entendimento o estado esta a serviço do poder econômico.
Não tenho duvidas de dizer que enquanto o conjunto dos trabalhadores não se organizarem para dominar o poder político, vão ter sempre o estado como mediador entre o pescoço e a forca, ou seja: na defesa dos interesses do sistema financeiro.
É necessário, pois um repensar dos trabalhadores da cidade e do campo, sobre o seu futuro e quais mudanças deve fazer para participarem com isonomia das riquezas historicamente produzidas.








   

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