Nenhuma época
histórica proporcionou tantos motivos para os trabalhadores pensarem e
repensarem a sua condição, a sua realidade e os seus problemas como a época
atual.
O
desenvolvimento técnico-científico que na maioria das vezes permite a
integração internacional e o processo neoliberal tem como resultado a amplitude
assombrosa dos riscos para a classe trabalhadora.
Nunca em nenhum
tempo o homem conhece tanto e nunca em nenhum tempo este conhecimento se voltou
para o aniquilamento das concessões transformadas em conquistas pela elite dos
trabalhadores.
Num olhar para a
história vamos ver que o sistema agrário e seus “senhores” dominando o trabalho
no campo e a produção agrícola/pastoril, explorando o trabalho escravo, vingou
por milênios, até os meados do século XVIII.
Neste contexto
nasce à figura do estado e a sua função de nortear e regular o “mudus vivendi”
dos “senhores” proprietários de terras e a submissão a um soberano que a todos
governava num espaço territorial específico denominado de pais cujo povo por
seus hábitos, língua e costumes se identificavam em forma de nação, ou pelo
mesmo sentimento de pátria, de sítio ou local onde se vive e se amolda o
caráter.
O estado
com o passar dos tempos e pelas necessidades de convivência e de
dominação se aperfeiçoa e chega ao modelo atual de soberania e de poder, sempre
em favor do capital e dos “senhores” no tempo.
Voltando a
análise da progressão e evolução dos sistemas de produção, vamos identificar
dentro do sistema agrário/agrícola o surgimento das cidades que crescem e na
medida em que se desenvolvem trazem consigo os diferentes estratos sociais e
seus conflitos.
Tudo o que a
cidade necessitava era produzido pelos artesões dono da habilidade de fabricar
coisas e instrumentos, inclusive os de guerra.
A exigência das
cidades faz com que a produção artesanal se torne insuficiente e novos meios de
produção são agregados ao modo de fazer, surge à figura do aprendiz e surgem
novos equipamentos e máquinas para aumentar a produção.
As máquinas
ainda que manuais produzem uma revolução no sistema produtivo, e mais máquinas se
desenvolve, novos produtos químicos, do ferro, o uso da água e do vapor
provocam uma escalada no processo de produção de mercadorias.
A revolução
industrial traz no seu bojo outras três grandes revoluções: A revolução
francesa que contesta e derruba a monarquia; A libertação dos escravos na
Inglaterra e o ressurgimento do salário, desta feita em moeda corrente.
Com a revolução
industrial surge um novo componente nas relações de poder do estado.
Se antes eram
apenas os “Senhores” donos de terras a terem poder, agora surgia os industriais
e os comerciantes, moradores do “burgo” zona nobre da cidade a exigirem sua
participação no processo político para defenderem os seus interesses na
governança do país e nas regras de gestão do estado. Grandes mudanças se dão,
inclusive, a Revolução Francesa provocando alteração do “estatus quo” não só na
França, mas em toda a Europa.
Também, é claro,
surge à luta dos trabalhadores por melhor qualidade de vida e de trabalho, o
artesão desapareceu e as diversas categorias profissionais enfrentavam o
patronato para conquistarem direitos sociais.
O modelo industrial prevaleceu sobre o
agrário e dominou o estado até o surgimento do sistema financeiro e de mercado que domina a economia e a política
não só nacionalmente, mas mundialmente.
Na luta dos
trabalhadores contra a exploração patronal é desenvolvida concepções de um novo
modelo de estado, desta feita sob o controle dos trabalhadores que passariam de
assalariados para donos do capital ou das riquezas historicamente produzidas.
Uma nova
revolução ocorre na Europa em 1917, desta vez na Rússia tendo como sustentação
a idéia de se implantar um estado sob o domínio dos trabalhadores.
Os trabalhadores
são vencedores e inicia-se a implantação e consolidação do estado proletário,
que de imediato e denominado de estado “soviético” que significa trabalhadores
governando a si mesmo.
O Estado soviético
provocou a exemplo da Revolução Francesa, grandes transformações sociais na
Europa e nos EEUU, mudando as relações de poder e a garantindo aos
trabalhadores melhores qualidade de vida e de trabalho.
A partir de
1930, após o grande caos financeiro e a quebra da bolsa de valores em Nova York
as teorias do reajustamento do estado e a implantação de políticas sociais como
fator de desenvolvimento foram implantadas, primeiro nos países nórdicos.
Com a segunda
guerra mundial foi possível aos soldados pertencentes à força denominada de
“aliados” constatar que os soldados russos tinham melhores condições para
fazerem a guerra que seus parceiros europeus; A alimentação era melhor, as
armas eram melhores, o fardamento e a proteção contra o frio muito melhores.
É claro que a
troca de informação foi constante. Terminada a guerra a propaganda dos soldados
entre seus pares e familiares toma corpo e os donos do capital investiram
pesadamente no sistema de bem estar social, concedendo aos trabalhadores,
benefícios reivindicados nas lutas sindicais, de mais de um século.
Com o fim do
bloco soviético, o sistema financeiro mundial exige dos governos da Europa e do
mundo à volta ao sistema escravocrata de poder.
É necessário
suprimir direitos trabalhistas.
Para alcançar
este objetivo tomam medidas restritivas de crédito e exigem a liquidação de
passivos dos estados para o sistema financeiro.
Sem dinheiro e
tendo que pagar a conta, a alternativa dos governantes é o aumento dos impostos
e a venda de patrimônios públicos, a diminuição da máquina do estado com a
redução de postos de trabalho, não pagamento de férias e de abonos diversos.
Estabelece-se o
medo como moeda e a pressão como argumento.
Milhões de
trabalhadores perderam o emprego pelos efeitos nocivos que as medidas ditas de
“austeridade” impuseram as economias.
Se o salário foi
uma redescoberta, a ausência dele provoca retração econômica em todos os
níveis.
É necessário
dizer que os trabalhadores não estão satisfeitos com esta forma de remuneração
da atividade laboral. O salário já não satisfaz a maioria dos trabalhadores que
exigem uma repartição maior das riquezas historicamente produzidas e buscam
reduzir a distancia entre o maior e o menor salário.
Ocorre que o
poder econômico domina o estado, ou para melhor entendimento o estado esta a
serviço do poder econômico.
Não tenho
duvidas de dizer que enquanto o conjunto dos trabalhadores não se organizarem
para dominar o poder político, vão ter sempre o estado como mediador entre o
pescoço e a forca, ou seja: na defesa dos interesses do sistema financeiro.
É necessário,
pois um repensar dos trabalhadores da cidade e do campo, sobre o seu futuro e
quais mudanças deve fazer para participarem com isonomia das riquezas
historicamente produzidas.
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