Sendo o trabalho
o instrumento de sobrevivência das pessoas; como se diz na gíria popular o
“ganha pão” é também na teoria de Karl Marx a “Mais Valia” para aqueles que
detêm os meios de produção. No conceito moderno a mais valia transformou-se em
“agregação de valor”, ambos, mais valia e agregação de valor, nada mais são do
que agregar trabalho a um produto qualquer.
Quanto mais
trabalho mais valor, ou mais valia.
É fácil
entendermos a mais valia.
Um operário no
regime atual trabalha quarenta horas por semana e recebe “X” dinheiros de
salários e produz digamos quarenta peças ou uma peça por hora.
Ao final do
processo as peças vendidas são iguais ou superior em até oito vezes, ou mais,
do valor pago de salário.
Eis ai a mais
valia, valor agregado, ou lucro da atividade empresarial.
Simplificando
ainda mais, o preço final do produto, tirando as despesas administrativas,
taxas, impostos e encargos e de quatro a cinco vezes o valor do salário.
Na história da
humanidade, no seu progresso econômico, no valor da riqueza historicamente
produzida, os operários saíram da condição de escravos para a condição de
assalariados.
No entanto, isto
não ofereceu melhoria na condição de vida dos operários, que ao morrer por diversas
doenças, a família não tinha recursos para fazer o seu sepultamento.
E há de convir
que com as condições insalubres no trabalho e as precárias condições de vida as
doenças eram uma constante na vida dos operários.
A solução
encontrada foi a criação das associações
de beneficência ou de socorro
mutuo que com a contribuição de cada um criava um “caixa” para suprir as
despesas com funerais e socorro imediato a família do morto.
Isto deu
resultados fantásticos e melhor, permitiu que os operários se reunissem para
discutir seus problemas. As reuniões e discussões permitiram também que os operários
acabassem por entender que juntos seriam muito mais fortes, eis ai o embrião do
sindicalismo e dos sindicatos de hoje.
A revolução
industrial trouxe no seu bojo duas novas categorias sociais: os capitalistas e os
operários.
Foi inevitável o
confronto de interesses entre estas categorias, de um lado os capitalistas
querendo lucrar mais, de outro os operários querendo um melhor salário.
Devemos lembrar
que nos primórdios da atividade industrial a jornada de trabalho era de sol a
sol, ou de mais de dezesseis horas diárias. Que o operário alugava não só a sua
mão de obra, mas da esposa e de filhos de qualquer idade, todos iam para as
fábricas. A ocorrência de mulheres dando a luz dentro das fábricas era uma
constante, paria e em seguida voltava ao trabalho por exigência patronal.
Centenas de milhares de parturientes, pelas condições insalubres perderam a
vida em razão das complicações pós parto; é claro os recém natos não tinham
melhor sorte.
A vida dos
operários e camponeses nunca foi fácil, da situação de escravos ou de servos,
para a condição de operário não mudava em muito a sua condição de
sobrevivência, a penúria, as necessidades e ameaças continuavam em escala
insuportáveis.
A diferença é
que como camponeses viviam em ilhas humanas, nos castelos e nos feudos sem
contato com o mundo exterior, sofriam as agruras de um trabalho penoso e
forçado e se submetiam em nome da misericórdia divina que só chegava depois da
morte.
A natureza da
Revolução Industrial criou ao contrário da vida camponesa o aglomerado de
pessoas que viviam nos becos e nas ruelas das cidades. Este foi sem dúvida um
elemento importante para a organização dos assalariados já que viviam os mesmos
dramas e tinham em comum os mesmos problemas.
No século XIX (1850)
surge na Europa, mais precisamente na Inglaterra e na França; e nos Estados
Unidos (1830) as primeiras organizações sindicais e em 1886 foi criada a mais
forte organização sindical no mundo a AFL – Federação Americana do Trabalho.
No Brasil, somente
a partir de 1930 com a regulamentação por decreto foi permitida a associação sindical
de patrões e operários.
Ops: No Próximo
artigo falarei do sindicato como vetor da melhoria das condições de vida e de
trabalho dos operários.
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