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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Primórdios do Sindicalismo

Sendo o trabalho o instrumento de sobrevivência das pessoas; como se diz na gíria popular o “ganha pão” é também na teoria de Karl Marx a “Mais Valia” para aqueles que detêm os meios de produção. No conceito moderno a mais valia transformou-se em “agregação de valor”, ambos, mais valia e agregação de valor, nada mais são do que agregar trabalho a um produto qualquer.
Quanto mais trabalho mais valor, ou mais valia.
É fácil entendermos a mais valia.
Um operário no regime atual trabalha quarenta horas por semana e recebe “X” dinheiros de salários e produz digamos quarenta peças ou uma peça por hora.
Ao final do processo as peças vendidas são iguais ou superior em até oito vezes, ou mais, do valor pago de salário.
Eis ai a mais valia, valor agregado, ou lucro da atividade empresarial.
Simplificando ainda mais, o preço final do produto, tirando as despesas administrativas, taxas, impostos e encargos e de quatro a cinco vezes o valor do salário.
Na história da humanidade, no seu progresso econômico, no valor da riqueza historicamente produzida, os operários saíram da condição de escravos para a condição de assalariados.
No entanto, isto não ofereceu melhoria na condição de vida dos operários, que ao morrer por diversas doenças, a família não tinha recursos para fazer o seu sepultamento.
E há de convir que com as condições insalubres no trabalho e as precárias condições de vida as doenças eram uma constante na vida dos operários.
A solução encontrada foi a criação das associações  de beneficência ou de socorro mutuo que com a contribuição de cada um criava um “caixa” para suprir as despesas com funerais e socorro imediato a família do morto.
Isto deu resultados fantásticos e melhor, permitiu que os operários se reunissem para discutir seus problemas. As reuniões e discussões permitiram também que os operários acabassem por entender que juntos seriam muito mais fortes, eis ai o embrião do sindicalismo e dos sindicatos de hoje.   
A revolução industrial trouxe no seu bojo duas novas categorias sociais: os capitalistas e os operários.
Foi inevitável o confronto de interesses entre estas categorias, de um lado os capitalistas querendo lucrar mais, de outro os operários querendo um melhor salário.
Devemos lembrar que nos primórdios da atividade industrial a jornada de trabalho era de sol a sol, ou de mais de dezesseis horas diárias. Que o operário alugava não só a sua mão de obra, mas da esposa e de filhos de qualquer idade, todos iam para as fábricas. A ocorrência de mulheres dando a luz dentro das fábricas era uma constante, paria e em seguida voltava ao trabalho por exigência patronal. Centenas de milhares de parturientes, pelas condições insalubres perderam a vida em razão das complicações pós parto; é claro os recém natos não tinham melhor sorte.
A vida dos operários e camponeses nunca foi fácil, da situação de escravos ou de servos, para a condição de operário não mudava em muito a sua condição de sobrevivência, a penúria, as necessidades e ameaças continuavam em escala insuportáveis.
A diferença é que como camponeses viviam em ilhas humanas, nos castelos e nos feudos sem contato com o mundo exterior, sofriam as agruras de um trabalho penoso e forçado e se submetiam em nome da misericórdia divina que só chegava depois da morte.
A natureza da Revolução Industrial criou ao contrário da vida camponesa o aglomerado de pessoas que viviam nos becos e nas ruelas das cidades. Este foi sem dúvida um elemento importante para a organização dos assalariados já que viviam os mesmos dramas e tinham em comum os mesmos problemas.
No século XIX (1850) surge na Europa, mais precisamente na Inglaterra e na França; e nos Estados Unidos (1830) as primeiras organizações sindicais e em 1886 foi criada a mais forte organização sindical no mundo a AFL – Federação Americana do Trabalho.
No Brasil, somente a partir de 1930 com a regulamentação por decreto foi permitida a associação sindical de patrões e operários.


Ops: No Próximo artigo falarei do sindicato como vetor da melhoria das condições de vida e de trabalho dos operários.

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