Ontem, ao visitar minha filha no
Hospital da UNIMED em Criciúma, deparei-me com uma estrutura (montada em frente
e as margens da rodovia) de trabalhadores ligados a CUT em campanha salarial. Falei com os meus botões,
provavelmente esta campanha redundará em movimento paredista. Meus botões me alertaram que fui
um dos batalhadores pela criação da CUT no estado; que fiz parte da sua
comissão organizadora, que percorri o estado na divulgação e organização dos
ENCLATES e que fiz parte da Comissão Pro - CUT a nível Nacional até a sua
fundação. Meus botões me alertaram ainda,
que meses antes havia sido expurgado do movimento sindical pela única razão de
ser um problema para a classe dirigente
ameaçada patronalmente. Reconheço sem nenhuma vaidade que fui e ainda sou uma
ameaça ao Establishment local, que
me olham de soslaio, ainda que saibam que operacionalmente, neste momento, sou
um zero a esquerda. Uma das razões da minha ação é não ter medo e ter a convicção de que a
ideologia dominante, qualquer que seja se esgota e é substituída por uma nova
ordem num dado período de tempo; basta olhar para os registros históricos. É claro que sem as “condições” nenhum movimento ganha proporções que
possa ser óbices para o “status quo” reinante. Os meus botões continuaram falando comigo e dizendo, escreve, fala
sobre isto e se possível, instrua, alerte sobre o momento mundial em que
vivemos. Atendendo a estes amigos inseparáveis e fiéis dei de frente com o atraso do
nosso sistema sindical que não se dá conta desta luta interminável entre capital
e trabalho cujo único fortalecido é o capital. Recordo-me que o movimento paredista do final do século XIX e inicio do
século XX que fortaleceram os trabalhadores, já se esgotou como prática de
conquistas e o movimento sindical ainda não encontrou formulas para transferir
aos trabalhadores a mais valia de Marx e a agregação de valores dos economistas
destes dias. Com certeza não é por falta de conhecimento e de saber que os
trabalhadores continuam com as mesmas práticas fragmentadas de suas lutas e
pelas mesmas razões os trabalhadores perderam a motivação diante dos conclamos
das lideranças para a luta. As ciências sócias já não conseguem penetrar no circulo fechado de
conluio entre lideranças destes e daqueles que fazem parte de um mesmo saco
ideológico onde o mercado tudo regula. Os movimentos paredistas interessam muito mais ao capital do que aos
trabalhadores pela única razão do faz de conta. Um faz de conta que reivindica
e outro faz de conta que sucumbe diante da pressão operária. Na verdade é necessária uma reformulação, ou melhor uma recriação na
forma de fazer política de interesse dos trabalhadores. Iniciar do ponto zero, tendo a história como instrumento para a
construção do futuro, sempre. O futuro deve ser o ponto de visão do líder operário,
o hoje, o agora é apenas um momento para a garantia da dignidade de amanhã. Não é mais fazendo greve que se vai ter conquistas que garantam aos
filhos dos nossos filhos uma vida digna e prazerosa no mundo econômico. No modelo atual as conquistas não passam de miragem no espectro social,
nada mudam, nada significam. A democracia que queremos não é a democracia que temos. A democracia que temos protege o capital e expropria a mais valia e
garante na linguagem moderna que a agregação de valor tenha apenas um destino:
o cofre ou a conta bancária do dono do capital. Aos trabalhadores da cidade e do campo sobram a fome, as doenças, o analfabetismo
funcional, a pobreza e a miséria. É necessário que se pense, no mínimo, num novo contrato social usando o
velho jargão de Rousseau. Não tenho dúvidas, se os trabalhadores não formularem uma nova visão sócio
econômica que lhes garanta poder de estado, continuarão na dependência das
benesses de um político aqui outro acolá que oferece migalhas por um
determinado tempo e vem outro e retira tudo como estão a fazer agora por todo o
mundo e em breve chegara aqui, ou melhor, já chegou, falta ser desmascarada. Nós já vimos que o estado bolchevique se contrapôs um tempo ao domínio do
estado capitalista, mas não resistiu e sucumbiu. Sucumbiu porque não seguiu as
diretrizes de Marx e Engels que ensinaram que após a primeira, teria que haver
outras revoluções dentro do novo sistema avançando sempre na direção do paraíso
econômico de uma sociedade igualitária. Como não houve revoluções, o capital se moderniza, faz concessões,
ganha a simpatia dos trabalhadores e de suas lideranças que se acomodam e retroage
no tempo, constatação feita no inicio desta fala. É necessário repensar o estado. Um estado que seja mediador entre trabalho
e capital, dando primazia ao primeiro. O lucro não será conseqüência da
atividade, mas resultado de mediação entre forças que se opõe. Um estado que
diga claramente que a diferença entre a menor e maior renda não seja superior a
sete vezes. Assim, para um ministro da Suprema Corte ter rendimentos de trinta
mil/mês ou quatrocentos mil/ano, o salário mínimo será igual a um sétimo disso
ou quatro mil/mês ou cinqüenta mil/ano. Isto vale para todo o sistema econômico
do país. Parece utopia, mas são as utopias que movimentam os homens. Não seremos contra a propriedade, mas seremos contra a usurpação do trabalho
produzido.
Companheiro !
ResponderExcluirParticipo de movimento desde os anos setenta, onde militava no primeiro grupo de jovens fundado de SC.Conta a historia que a Igreja era responsavel por novimento paredista e sempre apoiava o trabalhador.Vimos durante o tempo que mudou este conceito, estamos tambem sendo enganados por quem acreditavamos. A propria politicagem tomou conta do todo, aquele que não participa das falcatruas esta fora,tenho dito que este modelo, tem que se diferente que esta saturado,ai então criamos o monstro, não os aplaudimos e somos enganados pelos proprios "companheiros".