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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Getúlio Vargas III


                                                                                                  Destas crianças, os ainda vivos contam hoje com mais de sessenta e cinco anos. Penso alegrar-se-ão ao verem suas imagens postadas para a posteridade ao lado de um grande estadista. 

Porto Velho 1930.
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Getúlio Vargas
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O mundo passava por grande crise econômica no inicio dos anos trinta.
É necessário um amplo estudo para afirmar as causas desta crise.
Porém, Há os que afirmam, a sua grande maioria que o fator principal foi o excesso de produção, os mercados abarrotados de produtos de toda ordem já não tinham para quem vender. Sem escoação do produto, as fábricas deixaram de produzir, houve desemprego em massa; trabalhador sem poder de compra, comércio estagnado; enfim um ciclo vicioso que levava a mais miséria e fome.
Na ponta inicial, entretanto aparece de um momento para o outro uma crise financeira, as bolsas despencam, os papeis perdem valor e quem tinha muito passou a ter pouco e os que tinham pouco passaram a não ter nada.
Não sou economista, mas não tenho dúvida de que a riqueza acumulada nas mãos da população, segundo a ótica da economia financeira, era excessiva, perigosa e podia levar -como pode, a superação deste modelo econômico em que a economia financeira prevalece sobre a economia real, já que não havia necessidade de dinheiro das bancas para impulsionar os negócios.
Getúlio assume o Governo, tendo pela frente desafios; o primeiro deles solidificar sua liderança, para não ser dependente dos tenentes e de poder contar com as elites políticas, tanto empresariais como operárias.
Cercou-se do que havia de melhor na intelectualidade nacional, dentre estes nomeou ministros, outros consultava.
Os avanços que as elites paulistas esperavam não foram suficientes e em 1932 estas elites provocam uma conflagração no estado denominada de revolução constitucionalista, logo sufocada.
Este movimento constitucionalista teve resultados, em 1934 foi eleita uma Assembléia Nacional Constituinte e pela primeira vez no Brasil as mulheres tiveram direito de votar e de serem votadas, ainda que apenas uma conseguiu votos suficientes para tornar-se constituinte.
Getulio foi eleito presidente do Brasil um dia após a promulgação da Nova Constituição, numa eleição indireta. Eleito e empossado, Getulio passa a reclamar da constituição e apela por leis fortes para governar o país.
O mundo continuava em crise e caminhava para um conflito mundial.
Hitler torna-se o todo poderoso, recupera a economia, promove o desenvolvimento usando duas frentes. A primeira: Alistamento maciço nas forças armadas e a segunda expansão da indústria de guerra, que incluía investimento em infraestrutura de transporte e na indústria de base. Estava claro ao mundo que a Alemanha se preparava para a guerra. Na Itália Mussolini tomava o mesmo rumo.
Há um fato importante que não posso esquecer e já mencionado noutro texto: Roosevelt torna-se Presidente dos Estados Unidos, no mesmo momento de crise econômica intensa e uma das suas medidas que deram certo foi o  New Deal , que por tradução literal significa “novo tempo”. Um programa de governo fugindo da orientação liberal pura que visava à recuperação da economia e que deu certo.
Getulio aqui copiava modelos que deram certo lá fora, entre eles a Carta de Lavoro ou carta do trabalho que regulava a relação trabalhista na Italia entre o patronato, os trabalhadores e o estado. Aqui surgiu A CLT “Consolidação das Leis do trabalho” com as mesmas finalidades.
Getulio estava perto de terminar o seu mandato conquistado por eleições indiretas, já havia eleições marcadas e candidatos disputando o pleito. Os comunistas brasileiros estavam em franco movimento, em 1935 surge a intentona que fracassa, mas a idéia continua e por força deste movimento que queriam implantar uma república socialista, Getulio apoiado por forças militares da um golpe de estado tornando-se ditador.
Getulio denomina a ditadura de “estado novo” copiando a saga de Roosevelt.
Aqui Getulio desenvolve uma política de consolidação do estado brasileiro, implanta a indústria siderúrgica, primeira em João Monlevade Minas Gerais com a Belgo-Mineira e depois em Volta Redonda no Rio de Janeiro com a Cia Siderúrgica Nacional. Esta última, um acordo de guerra ou de apoio do Brasil contra os Nazifascista. Diga-se por tudo o que já foi dito que o governo de Getulio por vezes mostrou-se simpático ao Fascismo.
Como síntese deste relato, devo afirmar que Getulio foi o primeiro governante brasileiro a reafirmar um movimento patriota de defesa dos interesses nacionais. O país era aviltado pelas políticas colonialista e pela submissão das elites locais aos interesses de outras nações, tanto que nem botão produzíamos, tudo era importado.
Os pobres nos seus teares rústicos produziam a sua vestimenta e nas saparias de fundo de quintal o seu calçado, produtos de alto custo, duradouro, porém rústico. Eu mesmo menino, lembro dos camisolões feitos de sacas de trigo, com três furos: uns para a cabeça e dois para os braços jovens e adultos usavam aquela vestimenta no dia a dia
A indústria nacional se desenvolveu ao ponto de competir com produtos importados em qualidade, durabilidade e beleza.
É neste período que surgem grandes movimentos nacionais na defesa das nossas riquezas. O petróleo e nosso foi uma das bandeiras defraudadas pelo povo brasileiro e Getúlio no seu governo constitucional entre 1950 e 1954 investiu maciçamente na pesquisa e o petróleo foi descoberto na Bahia e para explorá-lo e permitir concessões foi criada a PETROBRAS.
Há quem afirme que o nacionalismo de Getulio foi o seu grande inimigo. Os trustes queriam vê-lo fora do governo e para tanto usaram de todos os artifícios, até provocar-lhe o desejo de suicídio que foi executado quando ele ficou só.
Na sua ultima reunião ministerial, seus ministros, homens de sua confiança aconselharam-no a licenciar-se do governo e outros a renunciar.
Sem apoio político e cônscio da importância e da repercussão que ato desta natureza provocaria, não teve dúvidas em dar um tiro no próprio peito que atingiu o coração. A repercussão foi tão grande que Carlos Lacerda um dos detratores de Getulio teve que fugir e abrigar-se num navio da esquadra brasileira.
Como estadista e seguindo o forte sentimento dos tenentes, os mesmos que deram o golpe de 1964; Getulio posicionou-se sempre pela defesa dos interesses da nação. É fácil perceber esta influencia quando os tenentes chegaram ao poder. Suas iniciativas de ordem econômica eram todas para a nacionalização do parque indutor: Energia, telefonia, siderurgia, ferrovias, aeroportos entre outros para os quais foram criadas estruturas de grande porte e com recursos do estado.
Para terminar: Reafirmo que Getulio era um estancieiro, com forte tendência conservadora e protecionismo ao empresário do campo.
Criou a CLT, mas Manteve o trabalhador rural fora dos direitos sociais. O regime de trabalho para estes era ainda e por muito tempo depois dele o mesmo praticado pelos senhores feudais, numa relação de servo e senhor.
Ainda hoje nas fazendas dos pampas esta relação perdura.
Mas sem sombra de dúvidas para o desenvolvimento do Brasil, Getulio foi um gigante.

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